Minha Batalha contra a Atração pelo Mesmo Sexo

Nome Não Divulgado

Eu estava certa de que o Pai Celestial havia desistido de mim. Como eu estava errada!


Eu estava certa de que o Pai Celestial havia desistido de mim. Como eu estava errada! Houve um tempo em minha vida em que eu acreditara que não havia esperança para mim — não havia futuro — e que eu não chegaria nem perto de ser uma digna filha de Deus. Isso resultava do fato de que sentia atração pelo mesmo sexo e que participava disso. Imaginava se poderia livrar-me da escravidão em que me encontrava.

Afiliei-me à Igreja com 21 anos e era membro ativo, até que comecei a dar vazão aos sentimentos confusos que experimentara durante muitos anos. Eu sabia que o Senhor não aprovava minhas ações, mas não estava querendo desistir delas. Assim, fiquei completamente afastada da Igreja.

O ponto de retorno aconteceu quando uma amiga me visitou, depois de voltar da missão. Ela notou que havia certa frieza em minha casa e que, de alguma forma, eu parecia diferente. Quando me perguntou a respeito disso, admiti a ela o meu problema. Ela me incentivou a procurar o bispo.

No princípio resisti, mas, em meu íntimo, sabia que nunca seria feliz enquanto continuasse com meu comportamento. Decidi que queria mais ficar perto do Senhor do que desejava o estilo de vida que estava vivendo. Assim, marquei uma entrevista com meu bispo. Quando chegou a hora da entrevista, tentei agir fria e indiferentemente, mas meu coração estava acelerado. Eu me sentia humilhada, com muita vergonha e amedrontada. Estava certa de que o bispo ficaria desconcertado com minha revelação e faria algumas perguntas apressadas, antes de conduzir-me até a porta.

Em vez disso, ele ouviu atentamente minha história, com compaixão e interesse. Depois de conversar longamente a respeito de minha situação, ele me animou a assistir a todas as reuniões da Igreja e a conversar regularmente com ele. Encorajou-me a passar um tempo em jejum e oração, e disse que faria o mesmo, a fim de estar preparado para oferecer-me o conselho que o Senhor desejava que eu recebesse. O que mais me afetou foi quando ele me disse: “Sandra, o Pai Celestial a ama. Você é filha Dele, e Ele quer ajudá-la”.

O Espírito do Senhor confirmou a veracidade daquelas palavras, e senti-me dominada. Meu entendimento do evangelho era relativamente novo na ocasião, e eu estivera certa de que o Pai Celestial nada queria comigo. Mas isso não era verdade — Ele me amava! Ele compreendia meus desafios muito melhor do que eu, e me ajudaria a arrepender-me e a voltar para Ele! Saí do escritório do bispo com um coração mais leve.

Comecei a voltar à Igreja e dar os primeiros passos do arrependimento. Não foi fácil fugir do estilo de vida que eu estivera vivendo por tanto tempo, e houve ocasiões em que me senti desanimada e oprimida, imaginando se poderia continuar a trilhar esse novo caminho.

Mas logo compreendi o que estivera faltando em minha vida durante algum tempo — a influência do Espírito Santo. A Igreja tornou-se uma âncora para mim, um abrigo seguro. Segui o conselho dado pelo meu bispo durante minhas entrevistas com ele, e, afinal, o Espírito pôde operar mais plenamente em minha vida.

Muitos anos se passaram desde aquela primeira entrevista com meu bispo. Gostaria de poder dizer que nunca mais lutei ou senti atração pelo mesmo sexo, mas isso não seria verdade. O que obtive, no entanto, foi a força para não agir de acordo com esses sentimentos, assim como a sensação de paz pela qual ansiei durante tantos anos. Qualquer desejo que tenha sentido para a prática dessa tentação foi sobrepujada por um anseio mais forte de servir ao Senhor. Já cheguei até aqui, e embora eu não saiba se minha cura será completa nesta vida ou na próxima, sei que Deus está ciente de meus esforços, que Ele participa ativamente em minha vida, e que Ele me abençoará com uma cura completa e total, quando chegar o tempo certo.

Aprendi, por meio de minha experiência, princípios-chave que me ajudaram em minha luta. Esses princípios podem ser aplicados por qualquer pessoa que esteja procurando sobrepujar uma fraqueza moral:

Confiar no Senhor. Há no mundo um debate quanto às origens da atração pelo mesmo sexo. No entanto, o Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensina que, a despeito de nossas susceptibilidades pessoais, somos responsáveis por nossos pensamentos e comportamento: “Alguns sentimentos são inatos. Outros decorrem de experiências da mortalidade. Existem também aqueles que resultam de uma interação complexa entre “natureza e criação”. Todos temos sentimentos que não escolhemos ter, mas o evangelho de Jesus Cristo ensina que possuímos a capacidade de vencer esses sentimentos e mudá-los, quando necessário, para que não nos induzam a um comportamento pecaminoso ou a pensamentos impróprios” (“Atração por Pessoas do Mesmo Sexo”, A Liahona, março de 1996, p. 17).

Para sobrepujar esse desafio, confie no Senhor e obedeça a Ele. Ele sabe como socorrê-lo e lhe dará a força para não ceder a essas tentações, sejam elas quais forem (ver Alma 7:12; Alma 13:28; Alma 34:39; I Cor. 10:13). Isaías 29:16 pergunta: “a obra [dirá] do seu artífice: Não me fez? e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe?” Saiba que seu Criador o compreende perfeitamente, e sabe como ajudá-lo. Ao voltar a Ele seu coração e submeter-se completamente à Sua vontade, ele o curará em Seu devido tempo (ver 3 Néfi 18:32).

Jejuar e orar. Orar incessantemente e “com toda a energia de vosso coração” (Morôni 7:48). Jejue e ore por proteção contra o adversário e pela libertação de pensamentos impuros. Não pense que o caminho será fácil, pois o que quer que faça, Satanás desejará iludi-lo. Fique sempre alerta (ver Mosias 4:30). Convide o Espírito do Senhor a estar com você constantemente, e se esforce para ser digno dele. A companhia do Espírito Santo lhe falará com uma voz mansa e delicada; ouça aos influxos e obedeça-os.

Lembrar-se de quem você é. Lembrar-se de que guardou seu primeiro estado; se assim não fosse, não estaria na Terra hoje. Lembre-se de que o Pai Celestial o ama e deseja que você volte para casa, para Ele, e receba todas as bênçãos que tem armazenadas para você. Ele será seu grande encorajador, se apenas der lugar para Ele em seu coração.

Não coloque rótulos em si mesmo ou em outros que lutam com esse problema. Todos temos tentações, mas elas não definem quem somos. Saiba que ter este desafio particular não o torna uma pessoa “má”. Ao se comprometer a não ceder a essas atrações e ao imergir em pensamentos e atividades retas, você pode ser digno de tudo que o Senhor tem a oferecer. A liberdade que encontrará lhe será doce.

Ler e ponderar diariamente sobre as escrituras. Tornar isso uma prioridade. Por meio das palavras dos profetas, o Senhor irá sustê-lo. Aplique sinceramente as escrituras a si mesmo (ver 1 Néfi 19:23). Ao fazê-lo, você ficará mais receptivo aos influxos do Espírito do Senhor, o que o guiará nos caminhos da retidão.

Mudar seu ambiente. Conseguir a força para resistir à tentação, apoiando-se fortemente no Pai Celestial e ouvindo a voz dos profetas. Tornei-me mais receptiva aos conselhos dos profetas, livrando meu lar de influências prejudiciais. Parei de assistir a programas imorais de televisão e desisti dos filmes impróprios. Joguei fora fitas e CDs com letras sugestivas e livros com enredos imorais ou com profanidades. Retirei qualquer coisa e tudo que não fosse sadio e limpo. Coloquei gravuras que me lembrassem de quem realmente sou e imergi nas escrituras e outros livros edificantes. Essas coisas enriqueceram minha vida de um modo que eu nunca poderia ter imaginado, e agora não sinto falta das coisas que abandonei.

Escolher associações dignas. A maioria das pessoas tendem a tornar-se como aquelas com quem passam mais tempo. Incentivo a ficar distante daqueles que nada veem de errado na atração pelo mesmo sexo. Evite lugares frequentados por pessoas que estão envolvidas nesse estilo de vida. Saia de seu emprego, se necessário. Essa é uma batalha por sua exaltação eterna — e batalha é uma palavra que bem se aplica.

Apoie-se em familiares e amigos que veem o que é melhor para você. Os membros de minha ala foram amigos maravilhosos para mim. Ao buscar a ajuda que necessitava, eles atenderam bondosamente, e aprendi muito com os bondosos exemplos deles.

Procure aconselhamento com seu bispo e, se necessário, um terapeuta profissional que partilhe seus valores. Eles podem oferecer-lhe apoio e ajuda para atravessar seus desafios. Se necessário, seu bispo pode encaminhá-lo aos Serviços Familiares SUD, para obter aconselhamento e informações referentes a recursos locais.

O Pai Celestial ama a cada um de nós e deseja resgatar-nos. Seus braços estão estendidos para nós “o dia todo” (2 Néfi 28:32). Ele proveu a Expiação de Seu Filho, para que pudéssemos ser libertados de nossas respectivas prisões.

Acalento a paz que encontrei em minha própria vida, quando emergi da servidão que me mantivera cativa por tanto tempo. Aprendi que o Pai Celestial nos ama mais do que podemos imaginar e que, se deixarmos, Ele nos ajudará em nossas lutas. Como sou grata por esse conhecimento e pela liberdade que encontrei, ao seguir Seu conselho.

A Ajuda Está Disponível


“Por intermédio de Cristo e de Sua Igreja, aqueles que se esforçam podem obter ajuda. Essa ajuda resulta do jejum e da oração, das verdades do evangelho, da frequência às reuniões, do conselho de líderes inspirados e, quando necessário, do auxílio de um profissional para problemas que assim o exigirem. Outra importante fonte de ajuda é a influência fortalecedora de irmãos e irmãs amorosos. Devemos compreender que a pessoa e os familiares que se debatem com o problema da atração por pessoas do mesmo sexo, precisam muito do amor e incentivo, que é responsabilidade expressa de todos nós, membros da Igreja, uma vez que sacramentamos, em convênio, o desejo de ‛carregar os fardos uns dos outros’ (Mosias 18:8) ‘e assim (cumprir) a lei de Cristo’ (Gálatas 6:2).” Élder Dallin H. Oaks, “Atração por Pessoas do Mesmo Sexo”, A Liahona, março de 1996, pp. 16–17.

Os Serviços Familiares SUD fornecem aconselhamento profissional aos membros, assim como consulta aos líderes da Igreja que ajudam os membros. Entre em contato com seu bispo ou presidente de ramo para obter mais informações, ou visite www.ldsfamilyservices.org.

Mais a respeito deste tema: Ver A. Dean Byrd, “When a Loved One Struggles with Same-Sex Attraction” [Quando Algum Ente Querido Luta com a Atração pelo Mesmo Sexo”, Ensign, setembro de 1999, pp. 51–55; Nome Não Divulgado, “Becoming Whole Again” [Tornar-se Novamente Completo], Ensign, janeiro de 1997, pp. 26–29; Dallin H. Oaks, “Atração Por Pessoas do Mesmo Sexo”, A Liahona, março de 1996, pp. 14–25. Visite www.lds.org ou ver Revistas da Igreja em CD.

[ilustrações] Ilustração por Greg Hally